Fatores como recessão, dívidas e aumento do preço dos aluguéis fazem com que millennials demorem mais a atingir a independência financeira.
Casar, ter filhos e comprar a casa própria. Estes são alguns dos passos considerados importantes na vida, pois conduzem o indivíduo até a independência.
Mas, tudo isso é diferente na geração millenial (nascidos entre os anos 80 e 90), pois tais fases chegam cada vez mais tarde.
De acordo com especialistas, isto se deve a um motivo específico: as condições econômicas desfavoráveis.
Se até então toda geração tinha uma melhora em seus padrões de vida em comparação com a de seus pais, a crise financeira vem afetando a geração Millennial e pode fazer com que eles sejam os primeiros a terem uma piora em seus indicadores socioeconômicos frente a seus genitores.
Especialistas afirmam que isto acontece por uma série de motivos, principalmente de ordem econômica.
Recessão longa afetou entrada no mercado de trabalho
O primeiro salário que uma pessoa recebe em sua carreira tem uma forte influência sobre seus demais rendimentos.
Isto pois, quando ela procurar outra oportunidade de trabalho, o empregador tende a fornecer um aumento em relação à posição inferior, o que não costuma ser superior a 20%.
Portanto, o valor inicial baixo do primeiro salário tende a limitar os ganhos de um profissional ao longo de toda a sua vida.
Isto é o que acontece com a geração millennial de modo geral. Eles têm níveis de educação superiores aos de seus pais, mas se graduaram durante a grande recessão global que atingiu praticamente todos os países do mundo a partir de 2008.
Com isto, essa geração tem alta capacidade técnica, mas, ao mesmo tempo, teve dificuldade para entrar no mercado ganhando salários condizentes com a realidade.
Na prática, isto significa que seus rendimentos no longo prazo tendem a ser inferiores aos de seus pais.
Instabilidade no mercado de trabalho afasta millennials da classe média
Além da escassez de postos de trabalhos, há, ainda, outro obstáculo entre os millennials e a estabilidade financeira: a precariedade do mercado laboral.
Fenômenos como a popularização dos contratos temporários ou intermitentes, bem como o estilo de trabalho mais informal, flexível e por demanda, fazem com que esta geração tenha ocupações que não lhes garantem um rendimento fixo ou suficiente para sobrevivência.
Custos de moradia comprometem orçamento de geração millennial
Por mais que empregos escassos e precários sejam um problema por si só, no caso da geração millennial há, ainda, outro fator de preocupação: os altos custos com aluguel de imóveis.
Só em 2019, o valor da locação de imóveis residenciais acumula uma alta superior a 3% no Brasil, de acordo com o índice FipeZap. Em outros países, a tendência também é de alta.
No cotidiano dos millennials, salários em queda e aluguéis em alta fazem com que os jovens demorem cada vez mais para sair da casa dos pais.
Em boa parte dos casos, sua renda não é suficiente para arcar com todos os custos de um estilo de vida independente.
Conseguir crédito é mais difícil para millennials
Para viver de forma independente sem ser refém da flutuação nos valores dos aluguéis, a alternativa é adquirir um imóvel próprio.
Contudo, no caso dos millennials, além de os salários serem baixos demais para poupar o suficiente para dar uma entrada, o acesso ao crédito está cada vez mais difícil. Novamente, a culpa é da crise financeira.
Quando o risco de que o cliente não honre o pagamento é grande, a tendência é que os bancos restrinjam o fornecimento de empréstimos e financiamentos, preferindo o público com uma situação financeira mais sólida – como os pais dos millennials, a geração baby boomer.
Colapso dos sistemas de previdência ameaça futuro dos millennials
Por último, mas não menos importante, é preciso considerar um fator que pode não ser de peso agora, mas que impactará fortemente o futuro dos millennials: a má situação dos sistemas de previdência ao redor do mundo.
Dados do Fórum Econômico Mundial apontam que, em 2050, quando esta geração começar a se aposentar, os oito maiores mercados de pensão do mundo terão um déficit de US$ 427 trilhões.
Ao mesmo tempo, com empregos precários, salários baixos e dificuldade para acessar crédito e constituir seu próprio patrimônio, os jovens de hoje não têm condições de poupar e investir para a aposentadoria.
Em alguns anos, isto pode se transformar em uma crise a nível global.
Millennials dependem de seus pais para atingirem estabilidade financeira
De acordo com especialistas, os dados financeiros indicam que a estabilidade e a independência dos millennials não depende deles: depende de seus pais.
Para alguns economistas, os jovens devem esperar que seus pais deixem boas heranças para terem alguma expectativa de estabilidade econômica.
O problema é que apenas uma pequena parcela de millennials ao redor do mundo pode contar com isso: economistas apontam que apenas os filhos dos mais ricos poderão contar com heranças grandes o suficiente para proporcionar um bom padrão de vida.
Os demais terão que sobreviver frente às adversidades da sua geração.