A falta de energia em São Paulo reacende discussões sobre a fragilidade do sistema elétrico e alternativas para os consumidores
Na sexta-feira dia 11 de outubro de 2024, a Grande São Paulo e partes da região metropolitana foram atingidas por um forte temporal que provocou um apagão, afetando milhões de pessoas.
Até a segunda-feira (14), cerca de 400 mil imóveis permaneciam sem energia, segundo dados da Enel Distribuição SP. A maior parte das residências atingidas está na capital paulista, especialmente nos bairros Jabaquara, Santo Amaro, Pedreira e Campo Limpo, além de cidades como Cotia e Taboão da Serra.
A demora no restabelecimento da luz tem gerado uma onda de reclamações sobre o sistema de atendimento da Enel, que enfrentou dificuldades para dar uma previsão clara de quando a energia seria completamente restabelecida.
A falta de energia, que já dura mais de três dias em algumas regiões, expôs novamente a fragilidade da infraestrutura de distribuição e gerou preocupação tanto entre os consumidores quanto de autoridades.
Os relatos de dificuldades de comunicação com a concessionária, somados ao impacto em hospitais e pequenos negócios, ampliam essa desconfiança sobre a capacidade da empresa de lidar com eventos climáticos extremos, episódios que também têm se tornado frequentes.
O que a Enel alegou sobre o apagão?
A Enel justificou que o apagão foi causado por ventos históricos, com rajadas de mais de 100 km/h, que derrubaram árvores e danificaram a rede elétrica. Segundo a concessionária, essa foi uma das piores tempestades registradas nos últimos anos na região.
Porém, mesmo se tratando de algo sem precedentes, especialistas e autoridades questionam se o sistema de distribuição da empresa estava realmente preparado para enfrentar um evento do tipo.
Críticos apontam que, embora condições climáticas severas sejam problemáticas, a infraestrutura de distribuição de energia deveria ter maior capacidade de resistência e recuperação.
Autoridades, como o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pressionaram a Enel a apresentar um plano de contingência para melhorar o atendimento e reduzir o tempo de resposta em casos como este.
Por sua vez, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), intimou a empresa a melhorar seus serviços e sinalizou que, em caso de reincidência, pode impor penalidades severas, como multas e até a cassação da concessão da Enel.
A concessionária respondeu mobilizando equipes extras, totalizando mais de 2.900 profissionais, além de disponibilizar 500 geradores para hospitais e clientes que dependem de eletricidade para o funcionamento de equipamentos essenciais.
Mesmo com esses esforços, a Enel continua enfrentando uma forte onda de críticas pela demora em restabelecer a energia para todos os afetados, agravada pela ausência de um prazo claro para a resolução completa do problema.
Histórico de quedas de energia em São Paulo
O apagão de outubro de 2024 não é um caso isolado, pois nos últimos anos São Paulo tem enfrentado uma série de quedas de energia que iniciaram dúvidas sobre a qualidade do sistema de distribuição.
Um dos episódios mais graves ocorreu em novembro de 2023, quando uma falha no sistema deixou milhões de pessoas sem eletricidade por várias horas, resultando em uma multa de R$ 165,8 milhões aplicada à Enel pela Aneel.
Além disso, interrupções menores, mas frequentes, têm se tornado parte do cotidiano dos paulistanos, especialmente em períodos de chuvas intensas.
Eventos esses que contribuíram para a percepção de que o sistema de energia da cidade é vulnerável e que as soluções de reparo têm sido insuficientes para evitar que novos apagões ocorram.
Consumidores relatam que, além do incômodo causado pela falta de energia, há prejuízos financeiros e danos a equipamentos, o que só aumenta a insatisfação geral.
O que resta aos consumidores?
O aumento das tarifas de energia elétrica e a repetição dos apagões estão impulsionando a adoção de fontes renováveis, como a energia solar e eólica.
Nos últimos anos, o número de instalações de painéis solares em residências e empresas disparou, especialmente devido aos incentivos fiscais e às linhas de crédito facilitadas para esses sistemas.
Com o aumento constante no preço da conta de luz e a instabilidade no fornecimento, muitos consumidores enxergam essas opções como uma solução para os problemas recorrentes. E especialistas apontam que, à medida que mais brasileiros adotam essas tecnologias, a tendência é que o impacto dos apagões seja minimizado, ao menos para aqueles que já contam com sistemas independentes.
Canais de atendimento
Diante de mais um apagão em São Paulo, a Enel reforçou os canais de atendimento para os consumidores que ainda estão sem energia, com isso, a empresa disponibilizou os seguintes meios de contato:
- SMS: Enviar uma mensagem para o número 27373 com a palavra “luz” seguida do número de instalação. Exemplo: luz 012345678.
- WhatsApp: (21) 99601-9608.
- Site
- Aplicativo da Enel: Disponível para smartphones em
Além disso, a concessionária recomenda que, em casos de emergência envolvendo equipamentos de saúde, os clientes entrem em contato diretamente para priorização no restabelecimento da energia.