De acordo com o Índice da Democracia 2017, feito pela The Economist Intelligence Unit, apenas 4,5% da população mundial vive em um país visto como democrática.
As categorias para tal classificação são processo eleitoral e pluralismo, liberdades civis, funcionamento do governo, participação e cultura política.
O estudo demonstrou uma retração da pontuação geral do índice, o que demonstra que diversos países não têm seguido uma linha democrática.
O que falta para que isso aconteça? Imprensa livre? Liberdades e direitos garantidos socialmente? Passagem de ônibus, metrô e demais transportes a preços justos?
Sem sombra de dúvidas, esses são alguns dos fatores de promoção para uma verdadeira democracia. Nesse sentido, é possível questionar, também, a forma com que os governos podem ajudar a democratizar os espaços urbanos.
Cidades e urbanização
No primeiro Seminário de Política Urbana Q+50, em 2013, o arquiteto italiano Bernardo Secchi resumiu a questão urbana em três pilares — o ambiental, o de mobilidade e o de desigualdade social.
Segundo ele, tais elementos são interligados e não podem ser tratados separadamente.
Secchi declarou que “há que se ter um pacote completo para essas ações”. Mas de que forma os governos têm agido para que esse plano seja colocado, de fato, em prática?
Essa, com certeza, é uma das maiores dificuldades das cidades de hoje, onde, muitas vezes, houve crescimento humano sem a devida organização urbana.
O desenvolvimento acelerado das cidades, tanto no Brasil quanto no mundo, não conseguiu se adequar às necessidades desses espaços.
Sem infraestrutura somada à desigualdade social, esses ambientes acabam por se tornar verdadeiros ícones das novas “castas” urbanas.
Isso não significa, porém, que não haja medidas para reverter essa situação.
Projetos de planejamento e mobilidade urbana, e a revitalização de espaços públicos, como os parques, são verdadeiros sinais de que esse cenário tão injusto possa ser revertido em algo mais democrático.
Planejamento urbano
Um dos maiores fatores para o desenvolvimento adequado da estrutura de uma cidade é o planejamento urbano. Esse tipo de ação não se resume à criação de cidades a partir de um plano-piloto, como foi o caso de Brasília.
Isso porque o planejamento urbano pode ser pensado até mesmo em cidades milenares, a exemplo de Copenhague, a capital da Dinamarca.
Lá, o uso de bicicletas como meio de transporte é favorecido pelos mais de 400 km de ciclovias disponíveis.
O que significa que nunca é tarde para remodelar os espaços de acordo com as necessidades da população.
Ainda em Copenhague, existem projetos arquitetônicos de bairros mais sustentáveis, com a criação de espaços verdes e melhor gestão dos recursos hídricos da região.
Mobilidade
Outro aspecto que não pode ser deixado de lado quando se diz respeito à democratização dos espaços é a mobilidade urbana, isto é, a possibilidade das pessoas se deslocarem de um local para outro.
Facilitar esse processo é melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
O uso de bicicletas como meio de transporte na Dinamarca é um ótimo exemplo, mas aqui do lado, na Colômbia, também é possível encontrar uma ótima solução para melhorar a mobilidade das pessoas.
Trata-se do Metrocable, um sistema de teleféricos que liga as favelas da cidade de Medellín, uma das maiores e mais violentas do país, as outras áreas e espaços públicos — um verdadeiro modelo para a América do Sul e o restante do mundo.
Parques e praças
Não dá para falar em espaços urbanos democráticos sem mencionar os parques e as praças. O lazer, afinal de contas, também é um direito garantido pela Constituição.
Logo, ter ambientes como esses assegura justiça às pessoas, independente do seu nível social ou econômico.
A revitalização de espaços já existentes é uma das soluções. A Praça Victor Civita, em São Paulo, é um exemplo de como um local pode ser transformado.
No caso, houve uma parceria entre a Editora Abril e a prefeitura da cidade para tornar a praça um ambiente sustentável e até mesmo educativo.
Mas também é possível criar lugares a baixo custo operacional. É o caso do Parque Sabesp Mooca, também em São Paulo, que foi feito sobre um antigo reservatório da Sabesp.
O parque foi erguido com sistemas pré-fabricados, produzido com pisos drenantes para reduzir o consumo de água.
Esses são alguns dos vários exemplos de democratização dos espaços urbanos, que podem, e devem, ser cada vez mais valorizados, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro.