Em janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orientava o uso de máscara protetora N95 apenas para profissionais da saúde, que atuavam na linha de frente em hospitais e postos de pronto atendimento, além de pacientes com sintomas graves da COVID-19 e seus cuidadores.
Um dos principais meios de transmissão da COVID-19 são gotículas de saliva contendo o novo coronavírus. Nesse contexto, a máscara N95 é considerada a melhor, já que cria uma vedação hermética capaz de filtrar 95% de partículas, como o vírus, pelo ar. Diferentemente delas, as máscaras cirúrgicas se encaixam livremente no rosto e podem permitir a entradas de partículas.
Em junho, a OMS mudou as orientações e ampliou as circunstâncias em que o uso desse equipamento de proteção Individual (EPI) passou a ser recomendado para toda a população. A partir dessa data, a entidade começou a recomendar a utilização obrigatória em locais públicos e áreas onde o distanciamento social não é possível.
Mesmo com a mudança e as novas recomendações, a organização enfatiza que o uso de máscara não dispensa outras medidas necessárias para evitar a disseminação da doença, como o distanciamento social e a higienização mais frequente das mãos.
Origem das máscaras
Obras de arte renascentistas (1300-1500) já retratavam pessoas cobrindo seus rostos com lenços para evitar doenças. Algumas pinturas sobre a cidade francesa de Marselha, epicentro da peste bubônica de 1720, também exibem coveiros e indivíduos manuseando corpos com um pano em volta do rosto.
Apesar de o microscópio já existir em meados do século XVIII, a Ciência desconhecia os mecanismos de transmissão dessas doenças. A população da época usava panos e lenços, pois acreditava que enfermidades como a peste eram transmitidas por gases advindos do solo.
No grande surto da peste na Europa, em 1600, a teoria do miasma defendia que as doenças eram causadas pelo mau cheiro. Isso estimulou a criação das máscaras alongadas, semelhantes aos bicos de pássaros, que possuíam dois ofícios nas narinas e foram amplamente usadas por médicos durante esse período epidêmico.
Somente em 1897, os médicos começaram envolver o rosto com panos, a fim de impedir que gotículas, advindas de tosses e espirros, incidissem nos pacientes que eram submetidos às cirurgias.
Tradição em países asiáticos
Diferentes populações asiáticas já tinham o hábito de usar máscaras no cotidiano, como em espaços públicos onde há grande concentração de pessoas. A “tradição” começou justamente a partir da disseminação de doenças, como a gripe asiática (1957-1958), a gripe de Hong Kong (1968-1969), a gripe suína (2009-2010) e a gripe viária (1997 e 2004).
No Japão, outros motivos explicam o hábito de usar máscaras, como evitar alergias provocadas pelo pólen de plantas, especialmente, na primavera. O cipreste e o cedro, duas coníferas bastante presentes no território japonês, liberam pólen, o que promove aumento na ida da população às farmácias entre o final de março e a primeira quinzena de abril.
Outro aspecto são as grandes amplitudes térmicas que marcam o Japão, em que as épocas mais frias chegam a alcançar temperaturas negativas em algumas regiões. Nesse contexto, além de prevenir doenças mais comuns nessa estação do ano, a máscara serve para reter o calor liberado pelo rosto, o que confere a sensação de aquecimento.
Texto: Gear Seo