A pandemia não trouxe apenas notícias tristes. Ela está contribuindo para muitas mudanças que eram previstas para somente daqui dez anos, como o home office, ensino híbrido e também com o consumo consciente, indo desde sapatos ecológicos até carros elétricos.
Afinal, as pessoas perceberam o quanto a vida é frágil e estão levando a sério a questão do bem-estar (das pessoas e do planeta).
Dados comprovados de fortalecimento do consumo consciente
Além da constatação no dia-a-dia, houve comprovações científicas sobre o fato. Estudo da empresa global de serviços digitais Accenture revela que a pandemia aumentou o interesse pelo consumo consciente. Agora, as pessoas estão valorizando produtos feitos com menores impactos ambientais e sociais.
Trata-se de um indicador que desafia a indústria e o varejo a repensarem seus meios de produção, principalmente em relação às matérias-primas utilizadas. Entre as conclusões da pesquisa, podemos citar algumas relevantes:
- metade dos consumidores não sabe quais marcas são sustentáveis;
- sete em cada dez consumidores apoiam um padrão de rotulagem obrigatório, desde que seja de fácil entendimento;
- 65% dos entrevistados acreditam que o governo deve introduzir legislação para promover o consumo consciente, como a cobrança pelo saco plástico em supermercados;
- 69% gostariam que as empresas de consumo consciente produzissem mais para melhorar o acesso;
- 33% admitem não terem um bom entendimento sobre quais produtos podem ou não ser reciclados.
De acordo com o estudo, a pandemia está fazendo os cidadãos pensarem mais sobre a influência de suas decisões de compra no meio ambiente e também na sociedade como um todo.
Valores pessoais impactam os hábitos de consumo
O estudo da Accenture mostra ainda que o foco dos consumidores em determinadas áreas, como procedência dos ingredientes, matérias-primas e práticas de trabalho, está sintonizado aos hábitos de compra, ou seja, os valores estão sendo priorizados até mais do que o preço.
Assim, empresas que adotam boas práticas e que seguem com linhas de produção sustentáveis conseguem captar pessoas que estão na mesma vibração e que querem investir em algo que esteja ligado a um estilo de vida saudável e de valorização do meio ambiente.
Mas as mudanças só vão acontecer em larga escala quando a indústria perceber que é preciso modificar o portfólio dos produtos e serviços, correspondendo aos novos padrões de compra. Como a pandemia fez muita gente se movimentar, criando novos hábitos, agora é hora de todos os setores da sociedade pensarem em práticas menos nocivas para o planeta.
Segundo a pesquisa, os varejistas precisam ser mais autênticos e atentos às novas exigências de seus clientes, principalmente para adotarem práticas que estejam ligadas à ESG (ambiental, social e de governança), sempre explorando a tecnologia em busca de melhores resultados em todas as cadeias de produção.
Há outras pesquisas, inclusive, que constatam o que a Accenture descobriu em relação ao consumo consciente, como uma perspectiva positiva, pois a tendência é que essa onda cresça cada vez mais. Para se ter uma ideia da dimensão do fato, em abril de 2020, 64% dos consumidores afirmaram estar desperdiçando menos alimentos. E já foi constatada a expectativa: em dezembro o índice saltou para 72%.
A porcentagem de consumidores que adotaram mais cuidados com a saúde aumentou de 50% para 68% entre abril e dezembro de 2020. As escolhas mais sustentáveis subiram de 45% para 66%, ou seja, as empresas estão sendo pressionadas a atender a essas novas expectativas dos clientes.
Assim, muitas mudanças devem acontecer nos próximos anos, sempre valorizando a sustentabilidade, com estratégias específicas como foco na produção com baixa influência ambiental, incentivo à reciclagem do lixo e da água, implantação de novos modelos de negócios que sejam menos poluentes, com políticas de reaproveitamento dos produtos e seus componentes.
Além disso, será cada vez mais necessária a construção de cadeias de valor inclusivas, implantando práticas que valorizem os direitos humanos e a diversidade, combatendo todas as formas de preconceito.