Sua empresa começou a ter alguns resultados. Será que é a hora de retirar o pró-labore ou potencializar o capital?
Todo empreendedor sonha com o momento em que suas empresas começam a gerar lucro suficiente para que a opção de retirada de pró-labore seja considerada. Mas com a empresa em plena ascensão, seria isso uma má ideia?
O pró labore, é o salário do sócio administrador de uma empresa. Embora não exista uma regra de quanto seria esse valor, há a condição de que não pode ser inferior ao salário mínimo vigente.
Sendo assim, quando uma empresa pode remunerar seu sócio administrador, isso significa que ela tem condições de pagar ao menos um salário mínimo para eles, e isso ocorre antes do processo de distribuição de lucros.
Retirar o pró-labore ou investir na empresa
O pró-labore é um pagamento obrigatório para o titular ou cotista da empresa individual ou EIRELI que atuam ativamente na empresa, sendo eles considerados “contribuintes obrigatórios” da Previdência Social, que também recolhe o valor previsto em lei.
Por isso, a escolha de potencializar o capital passa a ser uma consequência desse momento da empresa, que também pode resultar no investimento de volta para o próprio empreendimento.
Um empreendedor normalmente investe muito em um negócio desde o início, e quando a empresa alcança o status em que o recolhimento do pró-labore torna-se realidade, não é incomum que o valor acabe de volta nos caixas da empresa.
Esse valor retorna como algum tipo de investimento de longo prazo, afinal, a empresa tende a crescer com isso.
Em alguns casos, o empreendedor pode ter alternativas mais interessantes para destinar o valor do pró-labore.
Afinal, alguns investimentos paralelos podem auxiliar tanto na potencialização do capital do indivíduo, como também permitir um investimento mais expressivo na empresa no futuro, além da segurança em diversificar as aplicações.
Para tomar a decisão correta, o empreendedor precisa ter uma ideia ampla das necessidades imediatas para o crescimento da empresa e o tempo do retorno sobre o investimento (ROI).
Além de todas as informações necessárias para realizar o comparativo com as aplicações alternativas.
Se a empresa depende de um investimento imediato para crescer, não há dúvidas sobre a importância do investimento do valor recebido como pró-labore.
Caso o cenário seja diferente e exista uma alternativa mais interessante para o sócio, ela deve ser considerada para potencializar o capital.
Aliás, é muito importante refletir sobre os detalhes em relação ao momento da empresa:
- Qual a real necessidade de investimento?
Dinheiro é um recurso muito poderoso e requisitado, mas existem momentos em que ele não é uma real necessidade para um negócio, pois existem outros problemas a serem resolvidos antes de isso acontecer.
Analise o cenário de seu negócio e você poderá ter a certeza de que é de um investimento que ele precisa.
- A casa (as finanças) está organizada?
Talvez as finanças da sua empresa precisem de ajuda.
Em alguns casos a desorganização financeira pode fazer aparecer dívidas e necessidades financeiras que não condizem com a realidade, além do mais, essa mesma desorganização pode ser a maior barreira para a obtenção de investimentos de terceiros.
- É o momento certo para buscar investimento?
Os diferentes tipos de investimento possíveis possuem suas próprias regras e períodos mais interessantes para acontecer, e isso deve ocorrer até mesmo quando o investimento parte de você, após analisar as outras alternativas.
- Será que é a hora certa para a empresa?
Se a sua empresa passa por crises que não são relacionadas a área financeira, talvez não seja o melhor momento de lidar com isso.
Se existem processos em vigor, ou ações causadas por outros problemas, é melhor resolvê-los primeiro antes de arriscar os seus recursos de pró-labore ou buscar ajuda externa.
- O propósito é forte o suficiente?
Muitas das respostas aqui são pautadas no propósito. Se você não sabe o porquê de estar investindo em algo, isso talvez seja um problema, pois um investimento só existe quando há uma intenção.
Também pode ocorrer de existir um propósito mas ele não ser forte o suficiente, como quando você quer seguir um caminho mas uma outra alternativa faz mais sentido pro momento atual da empresa.
Planejamento de ganhos de curto, médio e longo prazo
Uma boa maneira de se potencializar o capital é através de um planejamento que contemple os ganhos de curto, médio e longo prazo.
Em geral, os ganhos de curto prazo não são menores, mas são menos influenciados por variações do mercado, enquanto os de médio prazo são destinados aos perfis moderados e os de longo prazo, podem envolver mais riscos na aplicação.
Para fazer a melhor escolha, o empreendedor precisa analisar os fatores abordados anteriormente, assim como também considerar o risco que está disposto a assumir para aumentar o seu capital.
Esses investimentos, embora sejam feitos pelo sócio administrador de uma empresa, também podem ser voltados a ela, ou seja, o investimento pode ser pensado justamente nas necessidades da empresa de tempos em tempos.
Assim é possível criar desde planos estratégicos, para que a empresa possua um fundo emergencial em casos de necessidades inesperadas, até mesmo uma disponibilidade financeira para um projeto a ser lançado no período de vencimento do investimento.
Estabelecimento de metas para o capital investido
Todo capital investido deve ter um objetivo, isso é um fato em qualquer situação.
Para aumentar o capital investido, tendo o investimento na empresa como objetivo, é necessário ter isso bem definido após diagnosticar todos os indicadores:
- Indicadores de Liquidez: a capacidade de cumprir obrigações a curto prazo;
- Indicadores de Estrutura de Capital e Endividamento: a dívida a longo prazo do negócio é usada para gerar ganhos;
- Indicadores de Lucratividade e Rentabilidade: a mensuração do lucro da empresa sobre seu patrimônio;
- Indicadores de Valor de Mercado: o valor da empresa em função do preço da ação;
- Indicadores de Atividade: o período de conversão das contas em vendas ou fluxo de caixa.
Com isso, o “potencializar capital” deixa de ser um objetivo frio para ganhar um propósito: você quer aumentar o capital para investir na empresa e potencializar a liquidez, valor de mercado, etc.
No caso do pró-labore, ter como investimento outras prioridades, a regra de definição de objetivo é a mesma, podendo ser motivada por estudos, aquisição de bens e até mesmo novos negócios.
O mais importante aqui é ser específico no que se espera do investimento.
Captação de recursos de terceiros
Se sua empresa precisa do retorno do valor do pró-labore como investimento para crescer, é bem provável que ela precise de mais dinheiro do que você poderia oferecer dessa maneira.
Uma das possibilidades para a resolução desse problema é a captação de recursos de terceiros. Mas como isso funciona?
Bem, antes de entender como funciona, é importante que os sócios tenham os índices acima bem definidos para que a real necessidade da empresa seja apresentada e também para a importância do negócio ser interessante.
Sim, interessante.
Pense que existem diversas empresas buscando exatamente a mesma coisa, e como bons investidores, irão optar por aquelas que sejam interessantes e permitam que eles enxerguem prosperidade comercial para garantir o retorno do investimento.
Com todos os detalhes e vantagens do investimento em mãos, o empreendedor pode buscar o valor necessário, que também deve ser especificado, de algumas maneiras:
- Através de instituições financeiras
Uma maneira sólida, porém mais burocrática de se obter crédito.
Aqui vale principalmente as condições do empréstimo, que podem ser negociadas e devem ser melhores para empresas com bom histórico de crédito. Considere não apenas as instituições tradicionais, mas também as fintechs.
- BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento)
O BNDES tem uma oferta muito atrativa, com juros baixos em relação ao mercado comercial. Mas aqui é preciso paciência e estudo, pois existem programas específicos que contemplam tipos de projetos diferentes.
- Sócio-investidor
Aqui entramos na mesma lógica que discutimos sobre a aplicação do pró-labore.
Da mesma maneira que você precisa analisar para compreender se o investimento direto na empresa é a melhor alternativa.
Os possíveis sócio-investidores precisarão encontrar algo na oferta da aplicação que a torne interessante em relação à concorrência e outros tipos de investimento.
- Financiamento coletivo (Crowdfunding)
Aqui vai um tipo de investimento que não é novo, mas tem ganhado muito espaço nos últimos tempos: o investimento coletivo.
A proposta aqui é muito mais voltada para pequenos investidores que acreditam no propósito da empresa, ou seja, é preciso de uma série de pessoas – que podem doar pequenos valores, para coletar o valor final estabelecido para o capital da empresa.
Não subestime o propósito de seu negócio.
Um detalhe é que o retorno dos investimentos não precisa ser financeiro, pode ser uma amostra do produto, um acesso em primeira mão ou até mesmo brindes.
- Equity Crowdfunding
O financiamento coletivo deu tão certo, que a sua versão corporativa foi criada.
No Equity Funding, o financiamento também ocorre de maneira coletiva, mas além dos investimentos serem um pouco maiores, são limitados.
Isso porque o prêmio aqui é um pouco mais sério: os investidores compram uma parte acionária da empresa.
Essa é uma maneira de atrair pessoas que se identifiquem com seu projeto a ponto de terem uma participação e, por isso, o anúncio deve chamar a atenção mas a oferta deve ser bem avaliada.
Para garantir que tudo isso seja feito da melhor maneira possível, evitando pagar taxas abusivas e pagando menos impostos, é essencial a contratação de um contador especializado no seu negócio.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog UpSites, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.