O fenômeno da inflação voltou a assombrar os brasileiros nos últimos dois anos, conforme revela o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que já acumula alta de 8,35% nos últimos 12 meses.
Já o Boletim Focus prevê um IPCA de 6,11% em 2021, acima da meta de 5,75% traçada pelo Banco Central (Bacen).
Neste artigo, entenda o que é a inflação e qual o seu impacto nos investimentos e confira as principais oportunidades de investimentos para evitar a desvalorização do seu dinheiro.
O que é inflação?
Em linhas gerais, a inflação [1] ocorre quando o governo imprime mais dinheiro e o injeta na economia. Como resultado, o valor desse dinheiro é reduzido devido ao aumento de sua oferta.
No Brasil, existe o chamado regime de metas de inflação, no qual o Bacen define a meta anual que deve ser perseguida. Esta meta tem como referência o IPCA e costuma ser dividida em três partes:
- Centro da meta: considerado valor de referência central;
- Piso da meta: valor mínimo que o IPCA anual deve atingir;
- Teto da meta: valor máximo que o IPCA deve atingir.
Atualmente, a meta do IPCA para 2021 é de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isto é, o piso mínimo do IPCA é de 2,25%, enquanto o teto da meta é de 5,25%.
Conforme citado anteriormente, a inflação tem como principal consequência o aumento nos preços dos bens e serviços. Quando o dinheiro perde valor, o preço dos bens encarece, fenômeno que pode ser percebido ao longo do tempo.
Segundo dados do IBGE, o real já perdeu 85% de seu valor desde seu lançamento, em 1994. Ou seja, algo que custava R$ 100,00 em 1994 hoje custa R$ 629,96.
Ganho real nos investimentos
Como destrói o poder de compra da moeda ao longo do tempo, a inflação é o pior inimigo do investidor. Afinal, um investimento cuja taxa de juros seja menor que a inflação pode, na prática, fazer o investidor perder dinheiro ao invés de ganhar.
Por isso, a maioria dos investidores leva em conta não a rentabilidade nominal de uma aplicação, mas sim a rentabilidade real. Este ganho é a quantia que o seu investimento gerou descontando a inflação do período.
Por exemplo, imagine que um investimento gerou um retorno de 10% em um ano, enquanto a inflação no mesmo período foi de 5%. Neste caso, houve uma rentabilidade real positiva de 5% (10% – 5%).
Em contrapartida, se um investimento rendeu 5% ao ano enquanto a inflação foi de 10% no período, o ganho real foi de -5%. Na prática, o investidor perdeu poder de compra, pois seu rendimento sequer superou a inflação.
Investimentos que protegem contra a inflação
Em primeiro lugar, o investidor deve sempre ficar atento e verificar a rentabilidade real de um investimento. Este, sim, é o rendimento efetivo de qualquer aplicação. Portanto, um investimento deve no mínimo superar a inflação para ser considerado rentável.
Nesse sentido, aplicações como a poupança já podem ser descartadas, pois quase sempre perdem para a inflação em termos de rentabilidade. Hoje em dia existem investimentos com o mesmo grau de segurança, mas que oferecem rentabilidade bastante superior.
Títulos públicos atrelados ao IPCA
Se a ideia é superar a inflação, faz todo sentido possuir investimentos que sejam atrelados ao IPCA. Nesse sentido, os títulos públicos atrelados ao IPCA – conhecidos como Tesouro IPCA – aparecem como excelentes opções.
Estes títulos são considerados de renda fixa e possuem como referência o IPCA acrescido de um ganho. Por exemplo, um título com vencimento em 2026 que paga IPCA + 3% pagará a inflação do período acrescida de 3%.
Ou seja, o investidor não apenas recebe o dinheiro corrigido pela inflação, como também ganha um rendimento a mais. Porém, é preciso tomar cuidado com a escolha do prazo de vencimento do título. Isso porque, ao se desfazer do papel antes do vencimento, é possível perder parte do capital investido.
Dessa forma, escolha sempre um título cujo prazo seja condizente com o objetivo que você tem para aquele investimento.
Dólar e fundos de câmbio
Como a inflação é o enfraquecimento da moeda, investir em moedas fortes também é uma alternativa para proteger seu capital. Neste caso, costuma-se utilizar o dólar, em virtude do seu papel como moeda internacional.
Além do IPCA, existe outro índice de inflação chamado IGP-M, que é influenciado pela cotação da moeda americana. Por isso, colocar parte do seu patrimônio em dólar traz uma proteção contra a desvalorização do real. Ainda, essa também é uma excelente opção para diversificar patrimônio.
Existem várias formas de investir em dólar, sendo as mais conhecidas a compra direta da moeda e o investimento em fundos cambiais. Comprar ações de empresas no exterior também é uma forma de se expor ao dólar.
Ações e fundos imobiliários
Por falar em ações, a renda variável também está no rol de proteções eficientes contra a inflação. Além delas, os fundos imobiliários, com seus dividendos crescentes e mensais, também servem de escudo para sua carteira.
Ambos são investimentos focados no longo prazo e, portanto, possuem mais chances de superar a inflação neste período. Outra vantagem de ações e fundos imobiliários é a possibilidade de ganhos duplos, tanto na valorização dos papéis quanto com os proventos recebidos.
Por fim, os dividendos adquiridos podem ser reinvestidos na aquisição de novas ações ou cotas, aumentando o seu patrimônio e, consequentemente, gerando mais renda.
A inflação é um fenômeno destrutivo e que pode gerar grandes perdas. Felizmente, o tempo também pode ser seu aliado. Ao se manter exposto pela maior quantidade de tempo possível a bons investimentos, é possível realizar uma boa proteção para a sua carteira.
Texto: Gear Seo