Com o avanço do movimento feminista em diferentes lugares do mundo na última década, o poder feminino se faz mais visível em diversas instâncias, desde instituições políticas até universidades e empresas.
Hoje, as mulheres são a maioria nos cursos de graduação e pós-graduação no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Contudo, essa nem sempre foi a regra, sendo preciso a determinação e união de inúmeras mulheres para garantir esse direito. Na Ciência, não foi diferente e algumas figuras foram fundamentais para abrir espaço para a maior presença feminina.
Bertha Lutz
Uma das maiores biólogas brasileiras, Bertha Lutz seguiu os passos científicos de seus pais: a enfermeira inglesa Amy Bruce Lee e o médico Adolfo Lutz, considerado pai da Medicina tropical e da Zoologia médica no Brasil.
Além da Biologia, Bertha também se dedicou ao Direito, área em que atuou para garantir que as mulheres tivessem acesso ao voto no país — garantia conquistada no Brasil em 1932, pelo movimento sufragista, do qual Bertha foi uma representante. Ademais, a cientista também foi pesquisadora do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Patricia Bath
Quando Patricia Era Bath nasceu, em 1942, ser negra implicava ter seus direitos e sua humanidade negados por autoridades e pela lei nos Estados Unidos. Desde menina, a nova-iorquina sempre sonhou em ser médica, enfrentando a discriminação racial e o sexismo para cursar Medicina na Universidade de Howard.
Embora as universidades estadunidenses da época já aceitassem mulheres entre seus estudantes, a presença de negros era muito escassa nessas instituições. Durante o curso, estagiou no Hospital do Harlem, região historicamente marcada pela presença de negros.
Começou a trabalhar com oftalmologia e percebeu que pessoas de comunidade mais pobres tinham maior tendência a desenvolver problemas de visão, pois não passavam por diagnósticos e tratamentos adequados. A partir disso, criou a cirurgia a laser para a catarata, o que tornou o procedimento mais seguro.
Essa concepção fez Bath ser a primeira afro-americana a patentear uma invenção médica. O sucesso nessa pesquisa lhe garantiu o posto de primeira docente de Oftalmologia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Além disso, fundou o Instituto Americano para Prevenção da Cegueira.
Maryam Mirzakhani
Em 2014, a iraniana foi a primeira mulher a ganhar a Medalha Fields, considerada o Prêmio Nobel da Matemática. Seus estudos envolvem teoria ergódica e a geometria simplética e contribuíram para o avanço da geometria hiperbólica, a partir da geração de equações para melhore compreender formas e superfícies curvas.
Já em sua infância, Mirzakhani percebeu que deveria fazer um pouco mais do que seus colegas homens. Em sua escola, teve que pedir para que as meninas acessassem o mesmo conteúdo ensinado aos meninos.
Já adulta, concluiu o bacharelado em Matemática na Universidade Tecnológica de Sharif, em seu país natal. Cursou o doutorado em Harvard e lecionou em Stanford e Princeton — duas das mais famosas universidades do mundo.
Chien-Shiung Wu
Essa chinesa foi a primeira mulher a integrar a American Physical Society, fundada em 1889, considerada uma das maiores associações de físicos do mundo. Sempre encorajada por sua família a seguir nos estudos, integrou a primeira escola destinada apenas para meninas e se tornou importante na luta pelos direitos das mulheres em sua cidade, Liuhe.
A socialização dos meios de produção e as políticas de equidade de gênero, que ocorreram em países socialistas como a China e a República Soviética, não foram suficientes para pôr fim à ideologia patriarcal-feudal, sendo que o status de liberdade e igualdade atingiu apenas as mulheres mais socialmente abastadas.
Mudou-se para os Estados Unidos em 1936, onde estudou o enriquecimento do urânio. No Projeto Manhattan, responsável por produzir as primeiras bombas nucleares durante a Segunda Guerra Mundial, refutou a lei da conservação da paridade e ajudou a criar o processo de decomposição do urânio por difusão gasosa.
Nubia Muñoz
Após três décadas de investigações, essa epidemióloga colombiana foi quem descobriu que o vírus papiloma humano (HPV) era o principal causador do câncer de colo de útero — moléstia que atinge, anualmente, meio milhão de mulheres e mata cerca de 300 mil.
Nascida em Cali, Nubia Muñoz graduou-se em Medicina pela Universidade del Valle e depois estudou na Universidade John Hopkins — primeiro centro de pesquisas dos Estados Unidos, fundado em 1876, e uma das mais renomadas instituições de Saúde do mundo hoje.
No Centro Internacional de Pesquisa do Câncer, na França, estudou os tipos de câncer que mais afetam as populações pobres. Além da descoberta sobre a relação entre o HPV e o câncer de útero, que lhe rendeu a nomeação ao Prêmio Nobel de Medicina em 2008, Muñoz contribuiu para o descobrimento de agentes infecciosos do câncer de estômago e de fígado.
Texto: Gear Seo