O atual Risco-Brasil chegou ao nível de 326 pontos no mês de Outubro de 2021, de acordo com os dados da plataforma Ipeadata, registrando o maior patamar desde outubro de 2020. Em outras palavras, a percepção de risco do Brasil está maior para os investidores locais.
Calculado desde 1994 pelo banco JPMorgan, o Risco-Brasil é uma régua que mede a confiança dos investidores dentro do país, ou seja, o quanto eles se sentem confiantes com aquela ação.
Mas afinal, como ele funciona? De que forma o Risco-Brasil pode afetar a economia brasileira e até influenciar no investimento no exterior? Pensando em responder todas essas perguntas, criamos esse artigo.
Pois bem, siga a leitura e tire todos os questionamentos que rondam o tema!
Risco medido em títulos
Conforme destacado no início do texto, o Risco-Brasil utiliza como base o índice Emerging Markets Bond Index Plus (EMBI+). De acordo com o Ipeadata, este índice mede o desempenho dos índices de títulos de dívida de economias emergentes.
O índice é calculado diariamente e utiliza como referência os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, considerados os mais seguros do mundo. Através dessa comparação, o EMBI+ mede o grau de risco de se investir em determinado país.
Então, com base nisso, podemos dizer que quanto maior a pontuação, maior esse risco se torna.
Cálculo do Risco-Brasil
Costuma-se dizer, no mercado de capitais, que o Risco-Brasil mede a capacidade do país honrar com seus compromissos. No entanto, este é apenas um dos papéis do índice em questão.
Devido a sua importância, o cálculo do Risco-Brasil é feito com base em uma série de dados, entre os quais se destacam os seguintes:
- Momento político e financeiro do país;
- Condução da política monetária;
- Expectativas de PIB e inflação;
- Crescimento econômico;
- Estabilidade ou instabilidade política e institucional;
- Situação fiscal.
Além desses fatores, o Risco-Brasil também é medido de três formas. A primeira delas é o já citado EMBI+, índice medido pelo banco americano JPMorgan desde 1994.
Uma segunda forma de medir o Risco-Brasil é através dos chamados Credit Default Swaps (CDS). Os CDS funcionam como uma forma de seguro que protege carteiras de investimento contra eventuais calotes, sobretudo calotes de dívidas governamentais.
Com os CDS, o investidor escolhe qual parcela do seu capital deseja proteger, pagando um prêmio em troca. A operação não evita perdas, mas protege uma parcela do capital investido.
Quanto mais pessoas contratam essa proteção, maior é o seu preço e, simultaneamente, maior se torna o Risco-Brasil.
Em terceiro lugar, o Risco-Brasil é medido pelas famosas agências de classificação de risco. Tais agências são responsáveis por classificar e ranquear a capacidade de pagamento de empresas e países.
No jargão popular, essas classificações também são chamadas de selo de bom pagador. Os países que têm esse selo recebem o chamado “grau de investimento”, isto é, tornam-se economias classificadas como baixo risco de calotes.
O Brasil chegou a receber o selo de bom pagador e, por sua vez, o grau de investimento, em 2008. Porém, esse selo foi perdido sete anos depois, em 2015, no auge da grande crise ocorrida entre aquele ano e 2016.
O impacto do Risco-Brasil nos investimentos
Mas o que significa o Risco-Brasil para investidores e para o país? Em primeiro lugar, ter um baixo risco implica em receber notas melhores de avaliação. Com isso, o país consegue captar mais investimentos e recursos oriundos do exterior.
Por exemplo, existem grandes fundos de investimento que possuem trilhões de dólares e anseiam investir em países como o Brasil. Contudo, o estatuto desses fundos só permite aplicações em países que tenham grau de investimento. Ao não ter esse grau, o país deixa de ter acesso ao mercado internacional.
O Risco-Brasil também interfere no preço do câmbio, ou seja, o preço da moeda nacional em relação ao dólar. Um exemplo disso ocorreu com o próprio Brasil, em 15 de outubro de 2002, no auge da eleição presidencial daquele ano.
De acordo com dados do Ipeadata, o Risco-Brasil chegou aos 2.280 pontos, maior nível da série histórica. A incerteza a respeito de quem seria o futuro presidente elevou sobremaneira o índice que acabou afetando o preço do dólar. O real se desvalorizou até atingir quase R$ 4,00, um recorde na história do real até então.
Quanto maior o Risco-Brasil, mais investidores passam a tirar recursos do país e enviá-los para o exterior. A prioridade, em momentos de crise, passa a ser a busca pela segurança de uma economia mais sólida, com moeda forte e menos riscos.
Em suma, um baixo Risco-Brasil traz mais segurança jurídica, investimentos e sustentabilidade às contas públicas e ao desenvolvimento do país. E também influencia positivamente os investimentos dos pequenos investidores.
Porém, um risco elevado pode provocar efeitos contrários. E é justamente por isso que a diversificação de investimentos deve ocorrer não apenas entre classes de ativos, como também entre jurisdições. Investir parte de seu patrimônio em moeda forte é uma medida fundamental para diluir os riscos do país.